2025-06-09
No âmbito do projeto “Abordagem LEADER – Modelos de Governação e o seu Impacto nos Territórios”, uma equipa de investigadoras do ISEC Lisboa visitou Cinfães entre 28 e 30 de março de 2025. A deslocação, integrada na Cátedra UNESCO “A Cidade que Educa e Transforma”, permitiu observar práticas locais e participar no Congresso “Segurança e Integridade Digital”. A visita reforçou a importância do conhecimento aplicado no desenvolvimento rural, destacando o potencial turístico, social e económico da região, e promovendo o diálogo com atores locais.
No âmbito do projeto de investigação “Abordagem LEADER – Modelos de Governação e o seu Impacto nos Territórios”, desenvolvido no Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa (ISEC Lisboa) e enquadrado na Cátedra UNESCO “A Cidade que Educa e Transforma”, teve lugar, entre os dias 28 e 30 de março de 2025, uma visita de estudo ao concelho de Cinfães. Esta deslocação foi motivada pela participação no Congresso “Segurança e Integridade Digital”, organizado pela Câmara Municipal de Cinfães e em que o ISEC Lisboa foi parceiro institucional, e que contou com a intervenção da investigadora Elizete Jardim no painel dedicado à reflexão sobre o futuro do desenvolvimento dos territórios rurais.
A deslocação ao território permitiu observar práticas locais e ouvir os seus protagonistas, reforçando o compromisso metodológico da investigação-ação. A estadia teve lugar numa unidade de Alojamento Local de elevada qualidade – a Casa da Zéfinha –, que se destaca pela hospitalidade e preservação das características arquitetónicas tradicionais.
Durante a visita, as investigadoras do projeto participaram na abertura oficial da Feira do Fumeiro, realizada na aldeia da Gralheira, situada na Serra de Montemuro, a cerca de 1000 metros de altitude. Reconhecida como a "Capital do Fumeiro", a Gralheira celebrou o certame com uma demonstração tradicional da matança do porco. O animal foi depois dividido em 30 partes, que foram sorteadas entre os participantes, num gesto simbólico de partilha comunitária e de valorização dos saberes e práticas tradicionais. A feira desenrolou-se ao longo de um roteiro pelas antigas adegas das casas em pedra da aldeia, onde os produtores locais comercializaram e deram a provar os seus produtos. A jornada culminou com um cortejo do fumeiro e um almoço coletivo, promovido pela Confraria do Presunto e da Cebola do Tâmega e Sousa. A Gralheira tem registado um aumento significativo de visitantes, nacionais e estrangeiros, nos últimos anos. Curiosamente, o ponto de viragem deu-se com a abertura de um restaurante-pizzaria por um emigrante regressado da Suíça. O sucesso do estabelecimento atraiu um fluxo crescente de turistas, contribuindo para a abertura de novos negócios locais, todos com a "pizza da Gralheira" como referência gastronómica. Durante o mês de dezembro, a aldeia transforma-se na “Aldeia do Pai Natal”, aproveitando a sua localização montanhosa, a presença frequente de neve e a singularidade do ambiente rural.
A paisagem da Serra de Montemuro é fortemente marcada pela presença de aerogeradores, integrando-se num cenário onde a produção de energia renovável convive com o património natural. Os acessos construídos pelas empresas de exploração eólica para instalação e manutenção dos parques têm vindo a ser revalorizados, servindo hoje de suporte a diversas atividades turísticas de natureza e aventura. Algumas destas experiências incluem mesmo momentos gastronómicos ao ar livre, com refeições preparadas por chefs locais, reforçando a ligação entre o território, os seus recursos e a criatividade da sua gente.
Durante o percurso turístico realizado em veículo todo-o-terreno, as investigadoras visitaram dois pontos de observação paisagística – designados como “observatórios” – que oferecem ampla visibilidade sobre o território. No entanto, constatou-se a ausência de painéis informativos sobre a biodiversidade local, o que representa uma oportunidade clara para a valorização do património natural. Acompanhadas por um guia local – alguém com uma visão estratégica sobre o território – discutiu-se a relevância de investir em conhecimento, investigação e comunicação científica, como forma de valorizar o território e criar condições para a fixação de jovens.
Cinfães integra o território das "Montanhas Mágicas", uma marca territorial criada e dinamizada pela ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira. Apesar disso, no que diz respeito à gestão da Abordagem LEADER, o concelho integra outra Associação de Desenvolvimento Local, a DOLMEN. Esta realidade institucional foi discutida com o nosso interlocutor local, a quem sugerimos uma visita técnica à DOLMEN para explorar possíveis apoios à implementação das suas ideias, bem como o envolvimento mais ativo nos fóruns de participação das Montanhas Mágicas, como espaço privilegiado de partilha e construção de estratégias de desenvolvimento sustentável.
Esta deslocação ao concelho de Cinfães reforça a importância do contacto direto com os territórios e com os seus atores, permitindo compreender de forma mais aprofundada os impactos da Abordagem LEADER, as dinâmicas locais e os desafios que se colocam à revitalização do mundo rural.
Elizete Jardim, Madalena Corte-Real, Ana Paula Oliveira
Investigadoras do ISEC Lisboa
Artigo publicado originalmente no n.º 477 da revista Gazeta Rural, disponível em: https://gazetarural.com/wp-content/uploads/2025/06/Gazeta-Rural-no-477.pdf
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